NÃO SOU UM NÚMERO, SOU O KAR 120C

A Série O Prisioneiro.

Imagine você, um espião de uma organização secreta com um histórico de serviços prestados invejável, acima de qualquer suspeita, que de uma hora para outra decide pedir demissão da organização, sem nenhuma razão aparente ou plausível, prestes a tirar férias em algum país tropical. Ao som de uma belíssima música instrumental de abertura, um DSC00097combinado de sons produzidos por bateria (como se fossem trovões conjugados com batidas cadenciadas) e guitarras agudas, surge alguém se aproximando ao longe, guiando um Lótus 7, de placas KAR 120C, número de motor 461034 TZ, construído pelas próprias mãos do proprietário e motorista  e que apresenta um defeito mecânico muito comum, super aquece  nos engarrafamentos do tráfego diário. Tem início uma das mais criativas e intrigantes séries da televisão mundial em todos os tempos, O Prisioneiro (The Prisoner), curtíssima produção de apenas 17 (dezessete) episódios de uma hora de duração, que teve à frente, na época, como produtor executivo, escritor (usando pseudônimos como Paddy Fitz, adaptado a partir do nome de solteira de sua mãe, Fitzpatrick, nos episódios piloto – The Arrival – A Chegada e Free for AllLiberdade para Todos),  diretor de alguns dos episódios, um dos atores mais bem pagos da televisão mundial na época, Patrick McGoohan.

De volta ao seu apartamento em Londres, localizado em 1 Buckingham Place (hoje um dos endereços mais visitados pelos fãs da série e que faz parte do roteiro turístico da cidade),  sem notar que estava sendo seguido desde a saída do prédio da organização para quem acabara de se desligar, a personagem entra em seu domicílio e enquanto faz as malas, um mecanismo condutor de gás adormecedor é introduzido pela fechadura de sua residência, alastrando-se pelo compartimento, enquanto a vítima visualiza cenas do local naquele momento que pode ser o último de sua vida, com toda a dramaticidade que o talento de um ator pode empregar naquela situação; o espião desmaia, para somente acordar num quarto, num lugar quase surreal (não fosse um local real, em North Wales, próximo de Tremadoc Bay, o Hotel Vila Portmeirion, um complexo arquitetônico concebido por Sir Clough Williams-Ellis e que recebe mais de 100.000 visitantes ao ano), conhecido por todos como A Vila (The Village).

Na Vila, ninguém tem nome, todos são identificados por um número, o espião ganha o número 6 (seis) e por saber de muita coisa que envolve a organização secreta em que trabalhava, foi transportado para lá porque a informação que tem seria extremamente valiosa fora da Vila.

Em todos os episódios, 17 (dezessete) ao todo, Nº 6 não irá se dobrar jamais e não irá revelar nenhuma informação, buscando meios de fuga a todo instante, passando pelas mais inusitadas situações, desbancando vários nº 2, que não conseguem arrancar-lhe nenhuma informação.  

O Carro, O Lótus 7.

O carro de Número 6, a personagem de McGoohan, registro de placas KAR 120C, que ele conhece todas as porcas, parafusos e engrenagens, pois o construiu com suas próprias mãos, como dito por ele próprio no episódio Many Happy Returns (Muitos Retornos Felizes), é visto na abertura de todos os episódios pelas ruas de Londres, filmado em cenários reais da cidade na década de 60 e aparece mais intensamente  nos episódios Many Happy Returns, Do Not Forsake Me e Fall Out.

Em 1991, Patrick McGoohan, numa entrevista, falou sobre a inclusão na série do Lotus 7 – KAR 120C:

“Em 1966, quando estávamos preparando a série O Prisioneiro, nós precisávamos de um carro para nosso herói. Algo extraordinário. Um veículo que se adequasse à personalidade dele. Na primeira vez que eu vi o agora mundialmente conhecido KAR 120C, eu senti que era ele, foi um olhar direto e profundo. Eu mesmo fiz o teste de direção. Era ele. Um símbolo de todos que o Prisioneiro representaria, destaque sobre os demais, rapidez e agilidade, independente e toque de rebeldia”.

A empresa queDSC00094 concebeu o Lótus 7 foi formada por Colin Chapman, mundialmente conhecido no mundo da Fórmula 1, nos projetos que envolviam a própria Equipe Lótus. A produção do Prisioneiro estava tendente a utilizar o Lótus Elan, que  já era atração numa outra série britânica de sucesso, Os Vingadores (The Avengers),  nesta o carro era dirigido por ninguém mais do que a estonteante Diana Rigg (Emma Peel), que nos episódios em preto e branco  conduzia o veículo de placas HNK 999C e nos episódios coloridos, o de placas SJH 4999D.  Não houve jeito no mundo que convencesse McGoohan a aceitar o Lótus Elan e quando olhou para o pátio da empresa e viu o Lótus 7 estacionado, disse, “Aquele é o carro que eu quero!”.

O Lótus 7 teve uma edição especial da própria série, tendo sido fabricadas 36 (trinta e seis) unidades. Ainda hoje é fabricado, mas só por encomenda, pela Caterham  Cars, saindo um modelo igual ao da série por algo em torno de quinze mil libras. O próprio McGoohan tinha um com um detalhe especial, o chassi era registrado com o nº 6. O ator faleceu em 2009.

A Miniatura do Lótus 7 da Série O Prisioneiro.

Há uma miniatura raríssima que foi legalmente licenciada e aprovada pela Caterham Car Sales & Coachworks Ltd. e pelo Group Lotus plc., com a logomarca da própria Empresa Lótus, numa embalagem de acrílico, na escala aproximada de 1:64. O veículo é idêntico ao da série, preservando, inclusive, as placas KAR 120C, um item colecionável para quem é fã e gosta de miniaturas relacionadas a filmes e séries de tevê. 

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About Me!

Sou uma pessoa feliz, amo muito a vida e dela sou aprendiz; Tenho várias paixões, entre elas: Colecionar MINIATURAS, mas, como qualquer um, possuo imperfeições; se os caminhos desta vida ainda não sei de cor, pelo menos busco, a cada dia, tornar-me alguém melhor.

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