A Produção Televisiva na Telona.
Não vale a pena sequer comentar o desastre que foi a produção cinematográfica de “O Besouro Verde, O Filme” (The Green Hornet, The Movie), lançado há pouco, neste ano de 2011. Um pesadelo difícil de esquecer para os milhares de fãs que foram ao cinema com a expectativa de ver na telona muita coisa que pudesse remetê-los à nostalgia da produção televisiva cult dos anos de 1966-67 e seus poucos episódios, apenas 26 (vinte e seis). Frustrações à parte, uma única coisa escapou, o Beleza Negra (The Black Beauty), um Chrysler Imperial ano 1965, diferente do modelo Chrysler Imperial Crown de 1966 da série de tevê: os frisos, a seção traseira e os para-lamas que deixam à mostra as rodas de trás são o que diferem o Beleza Negra do filme do veículo da série de tevê (os Chrysler Imperial de 1965 e 1966 são modelos que trazem diferenças marcantes).
A série de tevê, “O Besouro Verde”, aproveitou uma carona no sucesso da série televisiva Batman (1966-1968), bem como imitou a fórmula infalível de transportar as personagens do universo dos quadrinhos e dos seriados para as séries de televisão na época. Ambas as séries tinham na sua linha de frente o produtor executivo William Dozier. Em 1965, Dozier chamou o conhecido customizador Dean Jeffries para construir o Batmóvel para a série de tevê Batman. O customizador concordou em fazer o trabalho e começou a trabalhar num Cadillac ano 1959. Duas semanas depois, Dozier voltou a falar com Jeffries e comunicou-lhe que haviam antecipado a estreia da série do homem-morcego e que precisariam do carro em um prazo máximo de três semanas. Jeffries, agindo com bastante honestidade, ponderando a muito contragosto, pois estava bastante orgulhoso do projeto que iniciara para conceber o Batmóvel da série de televisão, viu que não tinha condições de cumprir com o surpreendente exíguo prazo e desistiu do projeto e de fazer o Batmóvel. Desesperado, Dozier então contactou George Barris e encomendou a ele que idealiz
asse, no mesmo prazo de três semanas, um automóvel à altura da personagem Batman para ser utilizado no show, o que fez com que o customizador criasse a partir de um protótipo denominado Lincoln Futura, ano 1955, o incrível Batmóvel que todos conhecemos e que seria dirigido por Adam West. Não obstante a unanimidade que foi o Batmóvel, a relação entre o declinado produtor e George Barris não foi muito tranquila e algumas arestas não foram aparadas, tudo por conta da grande pressão nos momentos que antecederam a estreia de Batman em 1966.
O customizador de automóvel é aquele profissional que altera explicitamente o modelo automotivo originalmente fabricado, na maioria das vezes automóveis produzidos em série, modificando um ou mais a seu gosto ou ao do cliente que o encomenda, melhorando-os e adicionando acessórios fantásticos que não são produzidos originalmente em série, ou seja, transforma-se aquele modelo em série e concebe-se outro a partir daquele, usualmente um modelo único, melhor, diferenciado, fundado no talento e no conhecimento técnico do profissional.
A Origem do Beleza Negra.
Pois muito bem, diante do sucesso de Batman, Dozier decidiu produzir outra série, agora baseada numa outra personagem mascarada criada pelo escritor George Trendle, que foi o memo criador da personagem “O Cavaleiro Solitário” (“The Lone Ranger”), daí a explicação da coincidência entre a máscara do Cavaleiro Solitário e a do Besouro Verde. Este seria uma espécie de neto da série de faroeste.
O “Besouro Verde”, a exemplo de Batman, já havia sido explorado nos seriados que passavam nas matinês do cinema, os chamados cliffhanger serials, normalmente produções tipo “B” que passavam nas salas de projeção antecedendo a atração principal do cinema e sempre terminavam com o protagonista ou herói numa situação de perigo, cujo desfecho ficaria em suspense até a próxima sessão, obrigando os telespectadores a voltarem na semana seguinte para o cinema.
Por conta dos problemas enfrentados com Barris nas três semanas que antecederam a estreia de Batman, Dozier não encomendou o automóvel do Besouro Verde para ele e voltou a contactar Dean Jeffries, confiando a ele a concepção de um automóvel capaz de rivalizar com o Batmóvel, mais realístico, mas com a mesma imponência do Batmóvel, com acessórios diferenciados e armas de combate. Nasceu, assim, um verdadeiro arsenal sobre rodas, o Beleza Negra (The Black Beauty).
Jeffries escolheu customizar o Chrysler Imperial Crown 1966, na realidade, o primeiro carro de maior relevância da Chrysler no segmento de carros utilizados como atração nas séries televisivas e nos filmes. Foram criados apenas dois belezas negras, um que é atração do Museu do Automóvel Petersen, que fica em Los Angeles, na Califórnia e um outro que está em processo de restauração no Estado americano da Carolina do Sul. O Museu do Automóvel Petersen adquiriu o Beleza Negra no mês de dezembro do ano de 2003 por uma bagatela de US$192,000 (cento e noventa e dois mil dólares americanos). O carro é tão espetacular que o próprio George Barris, ele próprio, criou 3 (três) réplicas do modelo para exibi-los em convenções de filmes, séries e afins, contudo, segundo comentam, sem o aval de Jeffries e do próprio estúdio.
Os belezas negras criados por Jeffries traziam acoplados ao veículo verdadeiros bancos de mísseis-foguetes, na frente e atrás do carro (daí porque o apresentador da série chamava o Beleza Negra de “arsenal sobre rodas”); os veículos criavam cortinas de gases na frente e atrás, continham dispositivos que expeliam óleo, água e eram providos de canhões de fumaça, placas e faróis rotativos (quatro verdes e dois brancos) e, ainda, possuíam circuito interno fechado de televisão, telefones celulares na dianteira e na traseira (o que era uma coisa de outro mundo na década de 60) e varredores de marcas de pneus, que apagavam as marcas deixadas pelos automóveis, além de uma enorme gama de acessórios auxiliares no combate ao crime, dispositivos e botões indicadores de luzes.
Quando Britt Reid (Van Williams, hoje aos 75 anos de idade) protagonizava o rico editor do Jornal “A Sentinela Diária” (The Daily Sentinel) ele dirigia um carro também imponente e belo, o Chrysler 300 1966 conversível, de placas TLH 257. Algumas garras exsurgiam do piso da garagem e prendiam-se ao chassi do veículo. O local antes estacionado se transformava numa mesa giratória, escondendo o conversível para dar lugar ao Beleza Negra, um Chrysler Imperial Crown sedã 1966, de placa V194. Este registro ainda hoje é um mistério, pois na condição de carro fora-da-lei, por conta das personagens, que se passavam por bandidos, o Beleza Negra não podia ser registrado.
As Miniaturas do Beleza Negra.
A Polar Lights lançou em 1998 um kit de plástico para montar, sem mencionar o tamanho da escala.
Dois anos depois, no ano de 2000, a Johnny Lightning colocou no mercado uma série denominada Team Lightning, apresentando quatro carros espetaculares, como se fossem miniaturas temáticas dos sonhos, todos na escala 1:64, especialmente concebidos para a equipe do fabricante americano, restando pintado no corpo dos veículos alguns desenhos gráficos customizados, dentre eles, na miniatura de um Studebaker preto 1951, que fazia uma homenagem à série de tevê “O Besouro Verde”, estava impresso o nome “The Green Hornet” ao lado do desenho gráfico do Besouro Verde. O carro também trazia o zangão da abertura da série desenhado no capô e no porta-malas, bem como aparecia na lateral do veículo. Apesar de não ser o Beleza Negra, mas um Studebaker 1951, a miniatura é item colecionável que não pode faltar em nenhuma coleção do gênero.
No ano de 2001, a fabricante de miniaturas inglesa Corgi lançou um modelo do Beleza Negra em die-cast metal, na escala 1:36, acompanhada de uma miniatura, também de metal, pintada a mão, da personagem Kato, que era protagonizado na série pelo ator de artes marciais Bruce Lee. Essa miniatura foi feita na China e trazia algumas peculiaridades: o porta-malas do Beleza Negra se abre ao ser pressionado um dispositivo próximo à roda traseira esquerda do veículo, há algumas hélices giratórias que vem acompanhando o modelo e que devem ficar dentro do porta-malas, sendo expelidas quando do acionamento do dispositivo.
Ainda no ano de 2001, a Johnny Lightning, na sua série Hollywood on Wheels 3, também lançou o Beleza Negra na escala 1:64, acompanhado de outros veículos importantes: o furgão Máquina Mistério (Mystery Machine) de Scooby Doo; o Corvette Conversível 1965, de Austin Powers; o ônibus de passeio da Família Dó-Ré-Mi (The Partridge Family); o carro do futuro de Gerry Anderson, Supercar e o Ford Woody da série Mod Squad. Em seguida, no mesmo ano, lançou um kit de montar do Beleza Negra, um die-cast também na escala 1:64, composto de mini parafusos e de uma mini chave estrela.
Mais recentemente, por conta do lançamento do filme “O Besouro Verde”, a Vitesse, uma marca registrada de propriedade do fabricante, Grupo Sun Star, com escritório no Estado de Illinois, EUA, lançou no mercado, na escala 1:43, réplicas miniaturizadas limitadas e numeradas como modelo n.º 24030, do Chrysler Imperial 1965 utilizado na horrorosa produção cinematográfica de 2010, exibida em 2011. Trata-se de uma réplica perfeita do carro do filme, numa embalagem luxuosa de acrílico e papel espelhado, causando um bonito efeito na forma da disposição do produto, sem esquecer das metralhadoras acopladas junto ao capô e do retrovisor cromado do motorista, que reforçam a condição de item colecionável.
Também a Factory Entertainment lançou no mercado no corrente ano (2011) alguns produtos licenciados do Besouro Verde, incluindo quatro miniaturas, duas da série de televisão e duas do filme, bem como as miniaturas das personagens do filme, Kato e Besouro Verde. Infelizmente, a empresa não listou o Brasil para envio de seus produtos.
Os protagonistas da série miniaturizados.
A Sideshow Toy distribuiu com exclusividade dois bonecos de ação e colocou no mercado as réplicas das personagens Van Williams e Bruce Lee numa embalagem bastante bonita. Os bonecos dos atores ficam em posição de combate, Kato com seus dardos zangões e o Besouro Verde com sua arma emissora de gás sonífero. A embalagem traz logo atrás o nome do elenco e a lista de episódios da série com a data em que foram ao ar pela tevê americana e uma sinopse de cada um dos 26 episódios.
O que fica de bom.
Mesmo diante de um fracasso como foi a produção cinematográfica de “O Besouro Verde”, o que fica de bom é que as empresas e fabricantes da indústria do entretenimento reavivam o mercado com o lançamento de produtos licenciados e relacionados às personagens: bonecos de ação, miniaturas de veículos, memorabília de uma maneira geral, até mesmo lançamento de mídias eletrônicas, DVDs, blu rays, etc, trazendo a esperança de que a série de televisão possa vir a ser, inclusive, lançada no mercado mundial e nacional (preferencialmente com a dublagem de época).
0 comentários:
Postar um comentário
Leia antes de fazer seu comentário:
- Palavras e termos ofensivos serão removidos.
- Não coloque links.
- Os comentários do blog são moderados.
- Nenhum comentário feito neste blog, reflete a opinião do autor.