CAUBÓI NA ÁFRICA (COWBOY IN AFRICA)

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O título dá a impressão de que se cometeu algum engano. Um caubói na África? O que é que um caubói, aquela figura que nos remete normalmente ao Velho Oeste, ao estado americano do Texas, principalmente nos idos anos de 1880, poderia estar fazendo na África? No Continente Africano, no habitat natural de animais selvagens como: leões, zebras, elefantes, girafas, enfim, vida selvagem na sua concepção mais apropriada. A  produção que leva esse título, baseada num longa metragem e ambientada na década de 1960, contemporânea  à  sua produção, muito bem dirime essa possível dúvida quanto ao aceDSC05553rto do título. Estamos falando de uma das melhoreclip_image001[7]s séries da televisão americana produzidas pela ABC, no final dos anos 60, que originalmente ia ao ar nos Estados Unidos às segundas-feiras e passou a visitar os lares de milhares de americanos das 7:30h às 8:30h, a partir do mês de Setembro de 1967 até o mês de Setembro de 1968. Assim, os americanos e depois o mundo passaram a acompanhar as aventuras de Chuck Connors (Jim Sincalir), Tom Nardini (John Henry), Ronald Howard (Howard Hayes) e Gerald G. Edwards (Samson), por 60 (sessenta) minutos na semana, durante 26 (vinte e seis) episódios, numa única temporada, além da participação especial de  várias celebridades da época, atores convidados como: Yapher Kotto, Anne Baxter, Edward Mulhare, Louis Gossett Jr., Todd Martin, Michael Ansara, dentre outros.

Após Chuck Connors (O Homem do Rifle e O Marcado) confirmar todo o seu talento numa das melhores produções de western, n[ RIDE BEYOND VENGEANCE POSTER ]a minha opinião, Ride BeyoDSC05566nd Vengeance (1966), quando demonstrou mais uma vez sua competência indiscutível, protagonizando a personagem Jonas Trapp, um homem de princípios, coragem e força, vítima de uma violência covarde,  sendo confundido como ladrão de gado e queimado com ferro de marcar reses com a letra “T”, de “Thief” (ladrão), por ninguém menos do que Bill Bixby, o David Banner da série de sucesso,“O Incrível Hulk”, Connors pensava em fazer algo diferente, não que não gostasse das personagens e das séries e filmes de faroeste que protagonizara, todos sempre um sucesso indiscutível, mas talvez um gênero que não fosse o faroeste. A resposta veio no convite do produtor Ivan  Tors para  que ele fosse o protagonista principal de uma nova série de aventura, Caubói na África.  Ambos já haviam trabalhado juntos na produção cinematográfica da MGM, Flipper, em 1963. Caubói na África era uma espécie de show de aventura, misturada ao gênero faroeste, um faroeste-aventura moderno, ambientado na década de 1960, no Quênia e  uma spin off do longa metragem produzido pelo próprio Ivan Tors em 1966, Africa – Texas Style!, cujo ator principal no filme foi Hugh O´Brian (ninguém menos do que o Wyatt Earp da série televisiva dos anos 50, The Life and Legend of Wyatt Earp – 1955/1961, que teve 226 episódios) e John Mills, dirigidos de modo basclip_image001[9]tante competente por Andrew Marton, num roteiro de Andy White. Um filme que retrata de modo acurado a  África daquela éDSC05571poca, principalmente porque o foco da produção repousava na atmosfera do cenário, na geografia africana, com seus então milhares de animais selvagens.  Mas voltando à nova série, Connors iria viver um campeão de rodeios americanos, Jim Sinclair, ao lado de seu parceiro navarro, John Henry e do Comandante Hayes, este, um britânico, proprietário de um rancho na África, determinado a provar que a melhor maneira de proteger animais selvagens seria mantê-los em currais para evitar danos e descontrole nas pastagens e transformar a atrasada economia africana num celeiro de prosperidades, já que adotara o país como seu lar. Seu intuito era ensinar aos nativos afro-americanos, o Povo Masai,  como domesticar animais selvagens ao estilo americano, para propiciar o comércio sustentável da carne e do abate desses animais e preservar as espécies em extinção. Uma preocupação bastante contemporânea.

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Chuck Connors receberia US$25,000 (vinte e cinco mil dólares americanos) por cada episódio de 60 minutos, mais um percentual sobre os lucros, o que era uma quantia superior a qualquer outra até então paga a uma estrela de produções de faroeste, com exceção de James Arness, renomado por viver o Xerife Matt Dillon, da série de tevê dos anos 1950, Gunsmoke (A Lei do Revólver, 1955/1975), encerrada com 635 episódios e cinco telefilmes, da qual a primeira opção para o protagonista era John Wayne, que rejeitou a proposta, mas indicou seu amigo James Arness, que já havia trabalhado com ele em algumas produções cinematográficas e introduziu o amigo numa participação na abertura do primeiro episódio, quando a produção era em preto e branco e somente tinha a duração de 30 minutos. Pouca gente sabe que Arness tinha um irmão mais novo, Peter Graves, o agente Jim Phelps, da série “Missão Impossível”, substituto do ator Steven Hill no comando da série, que teve uma longevidade no período de 1966-1973, com 172 episódios.

Caubói na África foi filmado na África e na Africa U.S.A. (África Americana), esta, uma propriedade de 260 acres, rancho, zoológico, centro de pesquisas, hospital e criadouro, localizado 50 milhas a nordeste de Los Angeles, em Soledad Canyon. Como já tivemos a oportunidade de escrever sobre Daktari neste blogue, a África americana era o lar da macaca Judy, apreciadora de café e do leão vesgo Clarence, bem como de outros animais selvagens, girafas, elefantes  e rinocerontes.

DSC05567 Um elemento importante em Caubói na África, já utilizado na série, “O Homem do Rifle” (The Rifleman, de 1958/1963), com 169 episódios de 30 minutos, também protagonizada por Chuck Connors, no papel do pequeno fazendeiro e ás do gatilho e manejo do rifle, Lucas McCain, era a relação entre pai “adotado” e filho,  travada entre Jim Sinclair e Samson, um garotinho afro-americano, órfão de apenas 10 anos de idade, um nativo da tribo Kikuyo, protagonizado com talento e competência pelo ator prodígio mirim, Gerald Edwards. DSC05563 Em Caubói na África,  o garoto africano literalmente adota Jim Sinclair como seu pai, admira-o com a vida e isto dá margem a várias estórias e ocorrências de momentos de ternura e emoção nos episódios da série, a exemplo do que ocorria entre Lucas McCain (O Homem do Rifle) e o filho Mark McCain (Johnny Crawford). Segundo o escritor David Fury, no seu livro “Chuck Connors, The Man Behind the Rifle”, da Editora Artist´s Press, 1997, uma biografia fascinante do ator, talvez esse elemento da relação entre pai e filho tenha feito falta nas tramas da série “O Marcado” (Branded, de 1965/1966), com 48 episódios de apenas 30 minutos, uma das melhores séries de faroeste de todos os tempos, indiscutivelmente, e que será objeto de futura postagem.

DSC05559 Quando não estava na selva ou em campo aberto, caçando, perseguindo e  laçando animais selvagclip_image001[15]ens para o rancho, Jim Sinclair dirigia um veículo off road, um bugre amarelo, precisamente um MANX “BUSH” BUGGY, interessante elemento adicionado às aventuras e clip_image002[1]aproveitando o sucesso do veículo, que era uma verdadeira febre de consumo então. No final da década de 1960, todos queriam ter um off road como aquele da série, com seu volante branco e santo antônio cromado inconfundível, próprio para locomoção nos terrenos acidentados da propriedade Africa U.S.A.  Jim Sinclair portava uma arma, um revólver de cabo branco, cuja réplica  e cartucheira tornaram-se um dos brinquedos mais populares e cobiçados entre as crianças da época. Sem olvidar as lancheiras metálicas e garrafas térmicas de alumínio ilustradas com desenhos referentes à personagem principal e à série.

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Por ser uma pessoa bastante carismática e querida, Chuck Connors era sempre indagado por que não concorrer  a cargos políticos eletivos, já que era notório que não descartava, em conversas com amigos e a imprensa, a possibilidade de concorrer a uma vaga para o Senado americano. No entanto, Chuck Connors acreditava que Caubói na África fosse perdurar por, no mínimo, cinco temporadas. Caubói na África, como já dissemos, perdurou por apenas uma temporada, onde foram produzidos apenas 26 episódios de uma hora, graças a um infeliz fato que demonstrou toda a insensatez e arrogância do produtor Ivan Tors, que demitiu toda a equipe de produção para a segunda temporada. Isso irritou Chuck Connors, que deixou o elenco e pagou uma nota de página inteira na Revista Variety, para divulgar todo o seu descontentamento com a ignóbil dispensa do elenco da produção. No entanto, quem saiu perdendo nessa história toda fomos todos nós, fãs de Chuck Connors e da espetacular série Caubói na África.

Possuo em meu acervo pessoal 09 (nove) episódios da série e anseio o lançamento dela em DVD pela Warner.

LISTA DOS 26 EPISÓDIOS DE 60 MINUTOS:

1. The New World  (11/9/1967); 2. Kifaru!  Kifaru!  (18/9/1967); 3. Incident at Derati Wells (25/9/1967); 4. What's an Elephant Mother To Do? (02/10/1967); 5. Search for Survival (09/10/1967); 6. Stone Age Safari (16/10/1967); 7. The Adopted One (23/10/1967); 8. Fang and Claw,  (30/10/1967); 9.The Time of the Predator (06/11/1967); 10. Lake Sinclair (13/11/1967); 11. Tomorrow on the Wind (20/11/1967); 12. Little Boy Lost (27/11/1967); 13. The Man Who Has Everything (04/12/1967); 14.To Build a Beginning (11/12/1967); 15. The Hesitant Hero (18/12/1967); 16. African Rodeo - Part One (15/01/1968); 17. African Rodeo - Part Two (22/01/1968); 8. First to Capture (29/01/1968); 19. The Red Hand of Michael O'Neill (05/02/1968); 20. The Quiet Death (19/02/1968); 21. A Man of Value (26/02/1968); 22. Search and Destroy (04/3/1968); 23. Work of Art (11/3/1968); 24. John Henry's Eden (18/3/1968); 25. The Lions (25/3/1968) e  26. The Kasubi Death (01/4/1968)

FONTES DE PESQUISA:

Chuck Connors “The Man Behind the Rifle”, David Fury, Editora Artist´s Press, 1997.

Guide to Television on Video, Blockbuster Entertainment, Pocket Books, 1996.

Television Westerns Episode Guide – All United States, 1949-1996, McFarland, 1997, Harris M. Lentz III.

Acervo digital pessoal do autor.

1 comentários:

Rosemary disse...

Eu assistia essa série todos os sábados,quando era
criança.Era uma série incrível,nunca me esqueci do
tema de abertura e da voz do locutor apresentando:
"Chuck Connors,é o astro de ...Cowboy na África".
Pena que as séries de hoje sejam tão realistas,não
tem lugar para a fantasia.

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Sou uma pessoa feliz, amo muito a vida e dela sou aprendiz; Tenho várias paixões, entre elas: Colecionar MINIATURAS, mas, como qualquer um, possuo imperfeições; se os caminhos desta vida ainda não sei de cor, pelo menos busco, a cada dia, tornar-me alguém melhor.

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