Inesquecível a série britânica de ficção científica “O Prisioneiro” (“The Prisoner”), protagonizada pelo fantástico Patrick McGoohan. Após pedir demissão junto ao escritório de uma misteriosa organização, supostamente de espionagem, sem nenhum motivo ou razão aparente, um homem possesso de raiva, depois de discutir asperamente com um pretenso superior, deixa o prédio da organização após entregar uma carta de demissão, para depois ser visto dirigindo uma Lotus 7, na nostálgica Londres dos anos 60. Ao retornar ao seu apartamento, localizado na cidade, em Buckingham Place SW1, não percebe que está sendo perseguido por um homem magérrimo, vestido de preto e que mais parece um agente funerário. Enquanto faz as malas, sugestivamente para viajar com destino a um país tropical, um gás sonífero é introduzido pela fechadura do “flat”, causando o desmaio do recém-demissionário, que posteriormente acorda numa localidade-prisão, denominada de “A Vila”, onde ninguém é conhecido pelo nome, mas por um número. “A Vila”, na verdade uma propriedade fascinante que se transformou num hotel, Portmeirion Village Hotel, e recebe mais de mil visitantes por ano, é o cenário dos 17 episódios da curta produção. Por toda a série, nosso protagonista tentará usar de todos os meios para tentar fugir do local e denunciar tais atos, mas jamais dirá a razão pela qual pediu demissão.
Em viagem a Londres, jamais eu poderia deixar de ir ao local onde ficava o apartamento da personagem da série dos anos 60 e não me arrependo de dizer que a viagem valeu muito a pena, principalmente por esse momento, que agora posto para os leitores do blogue e admiradores da série mais marcante e intrigante que já vi na vida. Os amigos devem imaginar a maravilhosa sensação que senti ao constatar que dos anos 60, década de produção da série, aos dias atuais, o “flat” do prisioneiro não é mais uma residência, mas um escritório. A porta branca cedeu o espaço para uma porta preta. No entanto, as características do local continuam preservadas, como se pode ver da foto na série e a foto atual do local. A lixeira vermelha, as grades que envolvem o apartamento, tudo como antes. Há inclusive quem ofereça aos turistas um “tour” ou uma caminhada supervisionada, que revive os últimos passos de “Number 6” nas ruas de Londres, até o aludido “flat”, de onde fora abduzido. Um espetáculo inenarrável para os verdadeiros fãs dessa série única e incomparável.